Javier Milei: Perspectivas para as relações entre Argentina e China
Javier Milei, ex-candidato à presidência da Argentina, causou alvoroço ao afirmar que, caso eleito, o país não teria mais relações com a China. Essa postura defendida por Milei era baseada em questões de "moralidade" e na desconfiança em relação ao comunismo. Ele acreditava que a Argentina deveria se voltar para os países do Ocidente, considerados mais "civilizados". Agora, como presidente eleito, Milei enfrenta dúvidas sobre como conduzir as relações com o segundo maior parceiro comercial do país.
A possível nomeação de Diana Mondino, que moderou o tom inflamatório de Milei, para a pasta de Relações Internacionais, sugere que o governo não romperá com a China e o Brasil, mas sim "parará de interagir". No entanto, essa posição não trouxe alívio a Pequim, que se pronunciou sobre o assunto por meio de sua porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Mao Ning.
Mao Ning destacou que seria um "grande erro diplomático" se a Argentina cortasse os laços com a China, assim como com o Brasil. Ela enfatizou o desejo de continuar cooperando com a Argentina para manter relações estáveis e fortalecer a cooperação econômica entre os países.
A influência da China na economia argentina
A China tem ganhado cada vez mais influência na economia argentina, a ponto de superar o Brasil como o maior investidor no país. Segundo o Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), a China investiu cerca de US$ 1,34 bilhão, enquanto o Brasil investiu US$ 1,30 bilhão na Argentina.
Outro fator que dificulta o possível afastamento da Argentina em relação à China é a participação do país na Iniciativa Cinturão e Rota (BRI), também conhecida como "A nova rota da seda". A Argentina é um dos países latino-americanos envolvidos nos acordos de infraestrutura dentro desse contexto.
Além disso, o país possui 81% de suas reservas internacionais em yuan, a moeda chinesa. Os contratos de swap cambial entre o yuan e o peso foram estabelecidos durante a presidência de Cristina Kirchner, em 2009, e ampliados por Mauricio Macri em 2018. Macri, inclusive, pode desempenhar um papel importante no futuro governo de Milei.
Esses contratos têm o objetivo de permitir que a Argentina e a China mantenham relações comerciais sem depender do dólar. Essa dependência reduz a exposição da Argentina às flutuações da moeda norte-americana.
Impactos de um possível rompimento nas relações entre Argentina e China
Um rompimento nas relações entre a Argentina e a China teria consequências significativas para ambos os países. A Argentina se afastaria de um parceiro comercial importante, perdendo acesso a investimentos e tecnologia chinesa.
Além disso, a China deixaria de receber commodities e produtos agrícolas argentinos, o que impactaria sua economia. A Argentina é um dos principais fornecedores de soja e carne bovina para o mercado chinês.
Ademais, a Argentina perderia acesso às reservas internacionais em yuan, o que poderia prejudicar sua estabilidade financeira em momentos de crise.
O futuro das relações entre Argentina e China
Embora Milei tenha demonstrado uma postura inicial de rompimento com a China, a nomeação de Mondino sugere moderação nesse sentido. É provável que o governo argentino adote uma posição mais equilibrada, mantendo as relações com a China, porém buscando salvaguardar os interesses nacionais.
É importante para a Argentina diversificar suas relações econômicas internacionais, evitando depender de um único país. No entanto, o rompimento completo com a China seria uma medida arriscada, considerando a importância do país asiático como parceiro comercial e investidor. O diálogo e a negociação devem ser buscados para proteger os interesses argentinos e fortalecer a cooperação mútua.
Conclusão
A posição inicial de Javier Milei sobre um possível rompimento das relações com a China gerou preocupação nos setores econômicos argentinos e também em Pequim. No entanto, a moderação apresentada por Diana Mondino e a importância da China como parceiro comercial e investidor sugerem que o governo argentino buscará uma abordagem mais equilibrada.
A diversificação das relações econômicas internacionais e a busca por proteger os interesses nacionais são pontos importantes para a Argentina. O diálogo e a negociação devem prevalecer para preservar a cooperação mútua entre os dois países.
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